Blog da Liz de Sá Cavalcante

A fala da ausência é o ser na falta do nada

A morte na ausência é viver, mas não é presença de vida. O que chama de dor pode ser apenas razão de ser. A coragem das minhas mãos de unir a ausência ao meu corpo, a morte ao meu corpo, até que minhas mãos sangrem por viver. Não me conhecia antes da ausência, já conhecia o sangrar da ausência, sem ti. A ausência não é solidão, é confiar no que sinto. As palavras deformam meu corpo de palavras, nunca o meu ser. Pensamentos não são palavras. Apenas o vazio preenche as palavras. A alma são palavras que virão com o tempo, o ser vai existir isento de palavras, se apropriou do meu pensar. Apenas as palavras sabem o que devo sentir. Não as sinto, lhes dou vida. As minhas mãos sentem falta de si quando tocam algo. A vida são as mãos sem as mãos. A ausência de sentir são minhas mãos que não conseguem tocar o nada. Sou livre como se tocasse o nada, e o amasse apenas como ele é. As mãos nada tocam, são o nascer da alma, que cessa a morte, com amor invisível. Perceber o amor é morrer. Perceber as mãos na inexistência das coisas é viver, sendo todo o meu corpo, não sendo o meu ser.