Minha voz é vida, que se encosta na minha solidão de amor. A voz da razão é muda, pelo amor no futuro, tão esperado como desejo sem amor. O amor do mundo não me faz esperar a vida. A vida é o que não devia acontecer jamais. O ser é a falta de Deus, por mais amor que o ser seja, ele é falta de Deus. Aprendi a viver, não aprendi a morrer. A alma não se dá ao trabalho de morrer, nasceu morta, como a vida. Tudo vejo pela ausência, nada vejo na alma. A alma é a ausência de depois, sem morte ou dor. Uma mistura de esperança e morte abalou meu amor. No amor, não há retorno. O observar de uma estrela é o nada no céu. O céu se diminui no amor, que é menos do que o céu. O medo morre sem a sua escuridão. O sangue entra por dentro da percepção solitária do tempo. O tempo se torna mais humano do que o meu ser. Não sei ser humana, sei apenas sofrer, sofrer não é humano, é um beco sem saída. Sofrer é leve, é sonho, onde fecho os olhos na eternidade, que não é sonho, não é leve, é apenas a dor comum de ser. O sonho expressa a angústia de me sonhar, onde sou real. Sou real para sonhar comigo. Neste sonho, sou real para o sonho, não pra mim. O medo sem teus sonhos, que dormem profundamente nos meus sonhos, que são piores do que o medo de morrer. A vida tem medo dos meus sonhos, sabe que eles vão destruí-la aos poucos. Mas, não há sonho na destruição. O tempo foi lembrado na sua destruição. É mais fácil destruir o tempo do que o meu ser, nem a morte destrói o meu ser.