Me deixe perdida, perdida no azul do céu, nesta alegria de céu, de ficar no céu, comigo, no céu, não tem como eu ficar longe de mim. Não há céu no céu, há apenas o amor que sinto, como sendo o desespero do nada. Não dá para deixar minha dor num céu tão perfeito. Que alma boa, deixou o céu no céu. A alma não faz de mim um ser, eu faço de mim um ser, que não existe para mim. Minha alma não te ama, como eu te amo. Minha alma é o fim do nosso amor. Fiz da alma a minha vida. Não há vida sem alma. Não há alma sem amor. O nunca é o eterno vivo, acessível. O que separa o ser dele mesmo é a consciência de vida. O meu ser não é salvo na consciência. Nada restou do céu. O que o ser tiver que ser, ele será, não importam as possibilidades. Meu ser não é suas possibilidades. O que separa o nada do ser é a possibilidade, onde posso me amar. Amar acaba neste para sempre. Se o amor não quisesse permanecer, seria eterno. A vontade não se realiza como vontade, mas como perda. As perdas não atingem a vida. Se a vida fosse apenas perda, seria feliz? Perder é continuar a viver. Perdas justificam a vida. A perda renasce, como descoberta de ser. Mas, falta o ser na perda, ser é perda. O desaparecer são perdas que duram. O ser não pode desaparecer para sempre, nem mesmo com sua morte. O ser existe como sua perda. A vida é o que o ser possui e vive em sua perda. Sem perda, não há vida, não há subjetividade. Meu amor não me deu notícias de mim. Descer até a alma, ser inferior como a alma, é estabelecer o infinito. O infinito de um olhar é mais do que infinito. Deixar a paz no desfazer na alma, num sorriso, lembrança da vida que tive. Sorrimos juntas, vivemos juntas o que tínhamos para viver.