O ar que não sufoca, queima, arranha a alma com seu silêncio. Faltou ao ar alguém que o respire. Falar é o nada, o silêncio cessa o nada. O que o nada retira do silêncio é o ser. A dor do silêncio é a insignificância da vida. O que a alma quer no silêncio? Que eu justifique meu silêncio para uma vida, que é puro silêncio. Eu não falo, como se houvesse vida além do silêncio. Lembrar do silêncio cessa o silêncio. Quando eu quiser me lembrar do silêncio, vou morrer. A vida é silenciosa, apenas permite pensamentos silenciosos. A promessa é um silêncio nunca cumprido de dor. A dor nunca diz não, mesmo sendo necessário. O silêncio diz não, me apego à negatividade do silêncio. O sol é um silêncio luminoso, no amanhecer das palavras. O ar do silêncio enaltece as palavras. O silêncio é o ar que respiro na poesia. O tempo torna o silêncio vazio, relaxado, escorregadio. Acabou o tempo do tempo, terei que ser meu próprio tempo. O tempo não precisa de si. Enxergo a vida longe da vida. Deixa o tempo correr, não quero alcançá-lo com meus passos, e sim com meu amor. O que parece ser apenas a ausência do nada, que se reflete no nada, pela saudade da vida. O nada é a saudade.