A fala é o medo, o pavor do silêncio. O silêncio é infinito na fala. Amo, pois o instante vive, não é a vida, mas é por onde consigo amar. O desespero é o começo de viver, que pode nunca se tornar feliz. A solidão fala para ninguém, eu falo ao menos comigo, em mim. O falar é eterno. O desapego da fala é a alma. Não há eternidade sem alma. O tempo é indefinido pelo olhar que lhe damos, se define infinito, sem um único olhar. A alma deixa o tempo escorregadio, como se algo pudesse fluir no tempo, como eternidade. A eternidade, sem tempo, tem em si apenas a maneira como olhei para o tempo, para lembrar da minha eternidade. Sou eterna em viver, em morrer, em ser quem sou. No fim do silêncio, cresce minha dor. Sofro por me ouvir, quebrando o silêncio, amortecendo o amor. Nem pelo silêncio, consigo ser minha alma. Eternidades partem por ficar, o ser continua o mesmo sem a eternidade. A eternidade é uma maneira de chegar ao ser. O ser é refém da eternidade, mas o ser não existe na eternidade, por isso é eterno no nada, no vazio, mas não é eterno nele mesmo. Meu eu no ser eterno, talvez somente assim eu possa amar, pela eternidade que se foi.