Saudades de mim me dão forças para viver e me apossar de mim. Embora me ensurdeça esse silêncio, essa dor, a vida continua pela solidão que me fez viver sem mim, não tenho mais nada. O que importa não ter saudades, se não existo?! Por onde começo a viver?! Pela inexistência da minha alma que faria qualquer um viver, menos a mim! Quero a alma bem viva pra saber quem sou nela. A inexistência da alma é a alma. Não procuro a alma, ela só existe na inexistência dos meus sonhos. Não procuro a alma, procuro a mim nesta alma inexistente. A saudade de mim me fez me ver com outros olhos, sem pena de mim. O que não via em mim era a minha ausência, onde sou completa. Nada me falta pela ausência, mas nada foi ausência na ausência, foi apenas decepção. A ausência do meu sorrir é minha existência, minha presença. Minhas lágrimas se tornaram ausência de um tempo, um fim perdido, como sendo o nada de uma vida. Não sei se meu ser existe, para mim existirá, se eu tiver ausências suficientes para viver! Vivo, não existo por viver! Sonhar não realiza o nada, que precisa ser realizado! Tudo depende da realização do nada! A falta que faz a ausência me enterrou viva! Vida, tentei gostar de ti, mas te faltam sonhos! A única realidade do meu corpo é a morte, por isso me separo do corpo pra viver! A vida não vive em mim, mas vive na minha solidão, seja ela apenas reflexão ou dor, a vida vive no amor, assim como a fé vive no desespero. A vida não reflete, ela é! Começar a viver é mais difícil do que terminar de viver. O pensar nasce da ausência, por isso é uma falta, um abismo sem fim de infinidade de coisas solitárias que vão além da reflexão. A reflexão não pode se manter viva, nem pela solidão que a reflexão não sente, mas gostaria de sentir, para que eu raciocinasse, não por mim, mas pela intuição! Essa intuição que deixa o sentir nessa alegria que me torna só, tão só que não me deprimo. A vida é a continuação do meu sorrir! A alma se desfaz sem o meu eu, em mim!