Meu ser não tem sujeito, é um ser que torna o sujeito irrecuperável. Alma, ventre do nada, onde a esperança é um tênue fio. Andar na esperança é se equilibrar no que pode ser vida ou morte. Não sei em que me equilibro. Não quero enfrentar, quero desabar, como o nada, que esconde a sombra da minha ausência. A minha sombra é a ausência de mim. A ausência é uma maneira de manifestar o amor, que não existe na presença. Estou perdida, dentro da minha presença. Sem ti, nem minha ausência existe. Minha vida é sua. Na sua ausência, a minha vida é minha. Amar é escuridão, cega a minha luz. Quem é o sujeito deste ser em mim? É o teu olhar, que se esconde na névoa da luz, onde meu ser é o teu olhar. Não me deixou ser o sujeito do ser em mim. Mas, apenas por existir você, sei que nunca serei eu, nem pela ausência que me deste, na forma do meu ser. Meu ser não tem forma, cor, cheiro, meu ser quer apenas saber de ti, para te esquecer. O sujeito desaparece no meu esquecer, mas nada te esqueceu. A vida foi mais tua do que minha, isso me torna feliz, como se não houvesse ausência entre nós. Essa falta de ausência não me trouxe você, mas me trouxe de volta pra mim, sem ser, sem sujeito, sendo apenas eu em mim, para mim, numa solidão que não existe. Torna a ausência real numa existência, que deixou a solidão no teu sono, despertará sem mim, enfim, eu despertei sem ti. É tanto despertar, que não sinto saudade. A ausência é uma saudade, que nunca mais terei. O que sinto em mim, aprendi que é só, que é meu. É como se eu não fosse só, como se eu fosse apenas a ausência que quiseste em mim.