Blog da Liz de Sá Cavalcante

A alegria não depende da vida

Um abismo de luz toma conta da alegria. Encontrei o meu amor no inencontrável do meu ser. Para amar, não sou mais nada. O tempo devolve à vida sua ausência, como se não fosse perdê-la. O tempo causa o nada, exterior ao tempo. Onde há amor sem o interior e o exterior? Há muito a viver sem o tempo. O tempo é a falta de coragem de viver, de ser. O tempo impede que eu viva. A alegria é o tempo que se foi dentro do tempo. Não há tempo no tempo. O tempo existe apenas como fim da morte, renovação. Criou-se o tempo pela falta de morrer. Me lembro do tempo, como sendo a minha alma, ainda viva. O tempo é a alma que me restou. Sou afetada pela alma, como um sol que acaba de nascer. O tempo é cheio de faltas, como se fosse preencher minha vida pelas faltas. Perda, que me perca apenas como perda, nunca como amor. Meu ser e o nada, juntos, conquistam a eternidade de ser. Desaparecer é ter alguém para poder desaparecer na coragem de viver. Não existe mais alma no desaparecer, pois quer aparecer no desaparecer da vida.