Blog da Liz de Sá Cavalcante

Nada restou

Pior do que nada restou, tudo resta. O ser no ser, o ser é esquecido na lembrança do tempo. Não dá para viver no tudo que me resta, se ao menos nada me restasse. A dor pode ser a primavera, ou pode ser a eternidade. A lembrança me vê, com ou sem alma, mas não consigo ver nem mesmo a mim. A falta de alguém, de ser eu, é minha alma, que faz da solidão uma flor, que nunca murcha. Passei bastante tempo na alma, por causa do amor, não há mais tempo para amar, mas há tempo para morrer. Não acredito que existe vida sem amor. Sobrou apenas a esperança sem o amor. É inacreditável acreditar. Quero te ver, vida, pela esperança que não tenho. Sinto a vida, por ela me escapar, como se ela fosse o meu corpo.