Blog da Liz de Sá Cavalcante

Variações da alma

O instinto de morrer são as variações da alma. Somente a alma pode mudar o sentimento de morte com a minha morte! A morte precisa do meu sentir, para me fazer morrer! A poesia é a única solidão que me une à alma! Para a poesia, não existe morte, tudo é eternidade! O eterno é sem eternidade! A alma é a falta do ser, é o indefinido ter alma. É como abraçar o nada, e se preencher de lembranças, mas cada lembrança é um nada escondido em mim, tentando existir! Para que o nada?! Para saber que existo! Ter alma é apenas uma crise de identidade, logo cessará. Tudo passa, até a alma. A alma nunca substituirá o ser! Para fixar a alma, é preciso não compreender a alma! No dia em que eu compreender a alma, a perderei. Mas não esquecerei o quanto fui na alma, foi como ser para mim! O ser de mim mesma é sem valor, mas o ser de alma é de um valor extremo. Não há individualidade na alma. A alma são todos ou nenhum! As variações da alma não são a alma. Alma somente é alma ao se determinar alma! Já não basta sofrer, eu ainda tenho que morrer como se sentisse sua dor! Não acredito que você sofra; mesmo assim, nada sabe do sofrer, mesmo que sofra. Vou afastar o sentir do sentir, mais pleno, absoluto, apenas porque não sei sentir, como se nada estivesse acontecendo entre mim e a morte! É como me reconciliar sozinha com a minha dor! Não há reconciliação com a morte! A revolta da alma é um olhar, que permanece nela, deixando-a partir, como se a alma não soubesse olhar, nem tivesse que sustentar o olhar no que sente. Olho como se não dependesse do olhar para olhar! A ausência de um olhar já é um adeus! Saio e entro dentro de mim, sem alma, sem mim. Sou apenas um meio para o amor. Nada no amor se despede mais do que a morte do amor, que não é a alma do amor! O amor não tem alma, por isso encanta o desencanto! A morte significa ser amada, até mesmo sem o amor!