Cessa a vida com meu nascer, tudo foi apenas uma canção sem voz. Ninguém se entristece só. A solidão não me entristece, me dá forças para viver. Eu tento amar o amor, que já existe em mim, como uma poesia sem palavras. Meu amor é tão só quanto a minha esperança. Vida, é triste te olhar, como se fosse alguém. A vida é um breve sentimento que decompõe o sol, por não saber chorar. As lágrimas têm que valer minha morte. O silêncio da poesia enterrou-me em suas lágrimas. Poesia chora, ama, se dilacera, tudo que fiz por ela foi morrer. O fim da poesia não é o meu fim. Meu fim é ir aonde a poesia está. Apenas fui até a poesia, não me tornei poesia, ela se tornou eu, em canções adormecidas por terem voz. Não acredito que o sofrer existe. A poesia não sofre, mas ama sem sofrer. Eu torno o que não existe como poesia. A poesia não vale a minha liberdade? Liberdade não pertence a ninguém. A liberdade é Deus. O olhar é a liberdade da alma. A alma é livre, apenas no meu olhar. Canção sem voz, fala pela poesia dos que se foram, que eles ainda existem na tua voz. Canção sem voz, foste meu consolo, de escutar o que partiu. O som parece ser esse momento, mas é o que restou da morte, que sem piedade te calou, para não restarem mortes. Sem mortes, não há lembrança. Tentarei cantar como cantam os mortos. Não me sinto morrer, me sinto perdida. Perdida até em morrer. A poesia não lida existe, foi como se eu recuperasse a solidão. Mas, eu estou é caindo num abismo de palavras, onde o sol é de todos. O calor da vida recupera o sentido das palavras. A poesia nunca morreu, estava adormecida em ser a canção, de dentro de mim, saindo como uma poesia sem fim, pousou em meu coração, em minha alma. A poesia é a maior das alegrias, o resto vai ser o que puder ser, não é menos feliz por isso, mas não descobriu a poesia como eu descobri. Descobrir, sentir a poesia, é melhor do que escrevê-la. Ela foi escrita na minha alma, nunca será esquecida, com vida ou com morte, manterá meu amor vivo dentro de si até que a canção seja o eco do meu amor. Amo o eco do meu amor, que me responde com minha própria fala, com meu amor. Somente assim, percebi que a poesia nunca saiu de mim. Eu estava ocupada tentando encontrar outro alguém, minha alegria não precisa do outro para sentir que não é apenas eu. Sinto a dor da vida, não sinto medo, me sinto feliz, por a vida me dar o que ela tem de mais valor: a poesia!