Blog da Liz de Sá Cavalcante

Atemporal (fora do tempo)

A morte não existe no tempo que nunca existiu, por isso a morte sente o tempo, na ausência de si mesma. O tempo é ausência de si, por isso precisa da morte, para ser sua presença. O tempo vive em busca de si mesmo. É fácil esconder o tempo do tempo, mas o que será da vida sem o tempo? A vida encontra o tempo sem o tempo. O depois é apenas o vazio que o tempo deixou, sem me esquecer. O tempo me quer no seu vazio. Se o ar morrer, serei o ar que respiro! Tudo me falta por viver. Se o tempo está fora do tempo, ele é único para mim. Nada vai acontecer pela vida, acontece por mim. O tempo não é um adeus, é o retorno do nada. Deixar de escutar o tempo, para escutar o nada, prolonga o silêncio do amor. O amor é a conquista do nada, de ser nada pelo amor. Amor não é sensibilidade, sensibilidade é fazer alguém feliz, mesmo comigo sofrendo, querendo apenas que o outro seja feliz, sem fazer parte da alegria do outro. Ser feliz é pensar apenas no outro, me esquecendo, para que o amor do outro permaneça no tempo que morri. O amor é a ausência do tempo, que me traz para perto de mim, onde pareço ser o tempo que me restou. O tempo é o sol da nostalgia, que amanhece apenas em mim. É tanto sol, tanto ar, tanta Natureza, tanto amor, que consigo respirar o tempo perdido. Lembrando o tempo perdido com amor, sem ele, não seria o que sou. Eu podia ser a ausência do tempo, onde o tempo descansa do meu amor. O amor não sabe do tempo que teve para viver. Eu fui feliz, o tempo me permitiu ser quem sou. Pela minha tristeza, o tempo partiu, deixando comigo sua eternidade. Mas, nunca amarei a eternidade como amei o tempo. A eternidade não descansa no meu amor, faz meu amor se revelar sem mim. A única noção que tive do amor foi o tempo. Quero que o amor seja eterno, não pela eternidade, mas por mim mesma.