Para que morrer se não serei mais eu a amar?! A perdoar o que eu amo, mas o amor não tem perdão, não há como deixar de amar, se já existe amor! Não posso deixar minha vida na morte, ela não merece a morte. Eu posso morrer, minha vida não! Ela foi a única, e mais essencial de mim mesma, onde a lembrança é viver! O infinito espera o amor, mas o infinito não está só, tem a permanência dos segundos desprezados pelo ser, como se a permanência fosse o excesso de momentos de amor! Permanência é conseguir paz no amor! A realidade não está no céu, nas estrelas, mas no meu coração sombrio! O real é o ser, escolheu ser para lhe tornar real! Quando morri, nada percebi na realidade inerte, isenta de mim! Morri, para ter uma imagem, para me fixar na vida que não possuo. Meu pensar é minha única companhia, que faz a morte valer a pena, se for para pensar em mim sem dor! A alma reinventa a vida sem a vida! Como me prender à alma se no amor ela jamais está comigo? A solidão é a falta da alma, que não pode estar ausente em sua falta! Queria ao menos sentir sua ausência, alma, no despertar da morte! Não vivo para ter consciência de ser, vivo inconsciente ou consciente. A vida não muda pela minha consciência ou inconsciência, a vida muda por ser sempre eu em mim! Quando o corpo encontrar a alma, nada mais houver a buscar, não haverá vida, nem morte, haverá apenas o silêncio morto no ar, que eu devia respirar. Transpiro esse ar, pelas lágrimas. Se não pode me dar paz, me dê a vida, me dê a morte, e ficarei plena, sem a paz! Paz é a falta de plenitude, que preenche a vida, mas não me preenche, me desfaz, sem as trevas da essência que dissolve a alma, para ainda amar o que não sinto! Nada do que vejo é esquecido, mas não é visto pela visão, e sim pelo amor! Somente pelo amor, vejo as coisas sem precisar entendê-las, tê-las dentro de mim. Essa falta das coisas me faz enxergar o ser como ser, não como coisas, lembranças! Ser é mais do que lembrança, é a vida que necessito ter, mas não tenho! Olho a vida para esquecê-la, como nódoa na alma. O ser é livre das lembranças, mas não é livre de si mesmo! Daqui a pouco, não poderei olhar a vida, não poderei ter nenhuma lembrança da vida! A única lembrança que tenho é esse nós, que não existe, mas existe em mim, como ausência, como depois!