A ausência da alma me faz viver ainda mais. A alma sem alma é um sorrir infinito. O vazio define-me num sorriso, num olhar. Às vezes, me sinto mais leve que a alma, que o ar, que um suspiro. A bondade do vazio, de me fazer sentir algo além de mim, a vida, é ilusão da alma. O ser é presença da ausência, mas a ausência é o ser personificado. Mas, nada lembra o ser, apenas a presença que ele não tem lembra o ser, mas o ser não lembra de ter sido presença. A essência é o amor que nunca será resolvido. A morte se esgota sem o ser; mesmo sem o ser, ela é o infinito do ser, mas não há ser algum na morte, há o desejo de esquecer a morte, se aproximando dela. Nem a morte, nem o céu, nem a vida, nem a eternidade, podem ser o ser. O nada se apropria do ser, no tempo que o ser lhe deixou. O tempo do ser é o nada dado ao nada. Tudo se esclarece pelo nada do ser. Não há mais o nada, mas não há coisa alguma. Assim, a morte torna-se um ser. O ser ama no nada, sendo nada. Lamento a liberdade, como se não houvesse o nada para ser livre. Algo diferente do ser está no ser, sem violência, sem dor: é a existência do nada, que comanda vidas. Prefiro morrer no nada a morrer no meu ser. A lembrança do nada torna o nada vivo. Não tenho permissão de lembrar o nada. O nada somente é esquecido se o ser se fizer ser do nada. O nada é a existência do tudo que não se modifica. A alma é uma existência vazia, onde os sonhos se fazem por si mesmos. O nada é compreensão da vida. A alma faz da imagem do nada meu olhar, por isso não tenho medo do nada, ele não sou eu. Mas, o nada não pode me trazer de volta pelo meu ser, mas meu ser existe no nada, é o nada quando me vejo. Há muito a se amar no nada, é uma porta sempre aberta. A intenção do nada é que eu não me sinta vida, me sinta eu! A alma não se sente alma, se sente eu sem mim. A alma é a imagem real do ser, deixo meu olhar na alma de um adeus. Para viver acreditando na vida, preciso viver de alma. A alma ama por mim, num abraço irreal, onde o hoje acontece sem as lágrimas da alma. Alma, me mostra quem sou por ti, é uma maneira de não te esquecer. Vivi a alma errada, descobri a verdade do meu ser na alma do outro, mas que minha alma não seja mais errada em mim. O corpo se tornou um erro pelo ser. Apenas a alma cuida do corpo, por isso não há essência no corpo, há vida, amor, que não encontro na alma, por a alma cuidar do meu corpo.