O que faz meu ser viver não é a vida, é meu próprio ser. A morte está exposta ao sol, por isso não sinto o sol, o amanhecer na minha dor. Sinto na minha dor o desamparo da minha morte em mim. O vazio vem do nada, mas pertence ao ser. O vazio é se lembrar que o presente é vivido no passado, da inexistência, seja a inexistência de alma ou de corpo, é apenas o passado. Não pode ser nem mesmo inexistência do que nunca existiu, por mais que eu sinta tristeza, ela não é presença nem da morte ou do vazio, é apenas uma quietude que ama minha alma, a acolhe, a acalma com dor. A dor é o consolo da alma, de não poder amar o ser. O nada desaparece como o único pensamento, que deveria ficar em mim. Não faço ideia do que é pensar, apenas estou seca, cheia de ar. Sou feliz por respirar, como se a vida surgisse do meu respirar. Mas, a vida não respira, apenas suspira o mundo, e no suspirar da vida, o mundo é eterno, como se a vida respirasse nele. Mas é apenas um suspirar, é apenas solidão.