Blog da Liz de Sá Cavalcante

Inessência esquecida

A inessência é esquecida, por isso o amor se perde para sempre. O amor é a inessência, a verdade do amor, que me faz me descobrir só. A inessência foi esquecida na esperança. A esperança é sem o depois, quando se torna essência. Nada posso mudar na essência, nem ela pode mudar a dor que sinto. A maior dor é o sentimento. O que vivo em mim é a solidão do sentimento, que não é o sentimento. O sentimento nunca é só, ele mesmo se faz companhia, por isso o ser é só, não busca o sentimento, acha melhor desaparecer do que ter sentimentos. Desapareço, como se pudesse me sentir. Não sei quem sou eu ao sentir. Não quero que o sentir seja apenas o reconhecimento de mim. Posso reconhecer meu sentir no mar, no céu, no amor de outro alguém, mas não me identifico com o meu sentir, ele não cessa a dor da solidão. Não vi a solidão, a dor, quando perdi meu sentir. O sentir se sente só, sem a alma da solidão. Nada dá para esquecer que não consegui sentir pela vida, não é perda, é alívio. A inessência está tão esquecida, por ser amada por mim. Jamais senti a essência como essência, e sim como falta. A vida é a ausência de Deus, que brinca com minha dor, com a agonia de eu ser meu único mundo.