Sem minha dor, a alma sofre por eu existir, mas não sofro pela minha alma, sofro por existir. O descanso do corpo é pensar como se fosse um pensamento. A realidade é uma forma de esquecer o mundo, sem deixá-lo, nem mesmo em sua própria realidade. Real é tudo que deixei pela realidade que construí, desfazendo a vida no real. Me deixem esquecer o real, onde ele aparece, me façam ser esse real que busco. Subtrair o nada da realidade é descobrir o amor, longe do real. Eu percebi o despercebido que é recebido como ausência, mas é meu jeito de perceber as coisas pelo amor. O amor vai além da realidade, sufoca-se de ausências. A realidade não é algo atual, vem de longe, de perto, de todo lugar, de todo amor. A dor da alma é exterior à realidade. Por isso, a realidade é especial, ela, apenas ela, tem o ser dentro de si. Se por dentro for vazio, o exterior é mais perfeito, é o amor que consigo ter. Somente posso dizer não com amor. O tempo é vazio, pela falta de pessoas, que não é falta de amor. A dor da alma foi meu primeiro e único amor. Pelo amor, eu teria a dor da alma, como consolo de existir.