O despertar da consciência dorme no amor que tive um dia. Descansa tanto, é como se ainda estivesse amando, por tudo que fui um dia. Morri, mas a consciência não deixou de ser minha. Quando nada se é, se é feliz. A alegria da alegria é sem sol. A ausência do sol é feliz. O despertar sem despertar não esquece de me fazer viver. O sol vive longe de si mesmo. Quando o sol se aproxima, sua distância é mais real que o sol. O sol é que preciso amar me amando. A realidade é apenas uma gota no oceano do ser. O céu vai se partindo em ausências de nuvens. O sol não é o céu. Céu é mais do que o amanhecer, é a esperança de depois. Se faz alma sem o céu. O céu reveste a alma de um nascer novo. O tempo, vivido em ausências, que não consigo carregar em mim, então me carrego na minha ausência. Ausência é a pele do meu corpo, quem perde a ausência escapa de ser. O silêncio é sem ausência, por isso é uma dor ausente, que posso viver sem ela. As palavras perturbam a ausência interna, que não faz parte da ausência externa do mundo. Viver sem esquecer é não ter vivido. Queria viver sem a lembrança da ausência. O amor não se lembra, se ama. Tudo que satisfaz não acontece, não é bom para o amor, satisfaz, como um sol que incendeia sem chamas. Quero ver a vida como me vejo.