O desaparecer aparece como morte, única aparência que consigo olhar por mim. Não consigo olhar a morte como morte, a vejo como sendo eu. Neste ver a morte, nunca desapareço. A morte me vê desaparecer, pois a razão de ver deixa a morte vazia. A morte conhece sua razão de ser, por isso perde-se em suas razões, o desaparecer do desaparecer é uma maneira de te ter. Ter você não é saber que você existe. Fiz da morte o teu olhar em mim. Teu olhar em mim faz comemorar a morte, o amor, a minha alma, que conduziu o meu destino, me fez morrer quando devia morrer. Agora, não sei se quero morrer ou que olhe para mim. E se eu nada precisar do teu olhar no meu morrer? Quero nada pensar, para não esquecer que pensar é bom. Não posso nem ao menos esquecer, pois o esquecer é o pensamento ainda vivo. O bom do desaparecer é que é pra sempre uma lembrança que não desaparece, apenas é esquecida como desaparecer. Um instante sem desaparecer é um instante perdido, uma vida sem desaparecer é uma vida perdida. Apenas a morte não desaparece e é lembrada como se desaparecesse. O aparecer quer apenas desaparecer, para conservar a lembrança do nada.