A ramificação da vida é a natureza, suas variações oscilam entre ser e nada. Mas o nada também é a natureza sem a vida. O espelho é a vida do ser, sem imaginação. A consciência é o reflexo de ver o nada. A vida será de mim ou do amor que sinto? O que importa é que a vida existe, de vistas ao mar, no incomum humano, no divino. Carícias se transformam na imaginação da vida. Não toco meu corpo, eu imagino meu corpo como um vale de lágrimas a dissolver o sentir no que imagino. Não imagino mais, apenas sou. Sou o que minhas lágrimas não conseguem expressar, nem pelo céu, nem por viver. Lágrimas não caem do céu, é preciso elaborar a dor para chorar como devaneio solitário de viver. O desaparecer existindo é a eternidade, que aparece sem nunca existir. A fantasia destrói o imaginar. Tudo da fantasia passa a ser o que eu deveria imaginar. Imaginar é não se aderir, não aceitar viver, nem pela força ou livremente. Imaginar é compreender a vida sem imaginar a vida. O sentido é o próprio imaginar, que cresce sem mim. O significado não se encontra, vai de encontro ao vento. Que nada suporte a companhia abstrata de ser alguém. Mas, quando me acostumo com minha companhia, já é ilusão. A imagem defende sua sombra da luz, para a sombra ser a única a existir no meu sofrer. Ser apenas sombra, preencher os espaços vazios da luz, da dor, da morte, como se recuperasse a sombra de sua própria ausência. Recuperar minhas ausências irrefletidas, que são luz, determinações vazias, que terminam em morte. A morte, sem disposição de morrer, de ser o que é, desaparece nas trevas de saber ser morte. Ela pode desparecer ao máximo infinitamente, mas continuará a existir como morte no seu desaparecer. Não importam as diferenças entre a vida e a morte, ambas se unem para construir a eternidade.