Sou o que eu quiser no amor, se eu acreditar ter sido um dia. Só, o medo da morte cessa, no meu morrer. O cheiro da alma no corpo podia ser de qualquer um, mas é meu: perfumando a eternidade, que se revela como se não fosse nada. O cheiro e a voz se perdem no existir. O abismo é a alma do amanhecer. Aquela eternidade não é uma eternidade qualquer, nela há amor. Me apeguei à eternidade de ser só, como ela sendo o último sol. Será que a eternidade pode ser minha? A eternidade, quando eu a amo, dá vontade de tê-la no meu olhar, como se nunca mais a visse assim, feita de mim! É fascinante, morrer na eternidade do meu amor. A plenitude não gosta da eternidade. Por que a eternidade não pode ser plena? Posso ser eu, se a eternidade estiver plena! A eternidade não diminui a vida. Apenas no nada, o sol sorri, como se a vida nascesse agora, longe do tempo. O sol volta antes do anoitecer, como se o tempo fosse o tempo de cada um. O riso, a fala, o amor, a aparência, não pertence à vida. O adeus me faz companhia, sem o nada, que é vida. É uma companhia que se iguala no pensamento. Mas o pensar não quer ser o nada em minha vida. Se eu pudesse viver apenas no pensamento, o que eu seria? Nada, pois tudo amo.