Blog da Liz de Sá Cavalcante

Seja eu em mim

Seja eu em mim, esta seria minha última eterna poesia. Se eu morrer, não sou eu que estou morrendo, mas, sim, a distância de nós, que morre por nós, esquecendo de nós duas. Pela proximidade do amor, seja eu em mim, mesmo sem amor. O amor não é tudo, não faz viver, alimenta apenas a alma. Se a alma nascesse de mim, saberia quem sou, mesmo sem você ser eu em mim? A alma necessita que você seja eu em mim. Mesmo na alma, nunca será apenas eu em mim. Será possível construir a vida no amor, nesse muito, que muito nos falta? Quem sabe assim nos amaríamos enfim, mais sozinhas do que sempre? Pela solidão, perdi a vida, foi como perder alguém, para alguém, mas não pude perder minha vida em ninguém. Se a vida fosse minha única perda, morreria feliz. Perdi mais do que a vida nessa alegria de ser, existir. Qualidades se podem demonstrar. Mesmo ocultas e mortas, ainda são qualidades que determinam a vida pelo amor que sinto, que não devia sentir o amor como algo morto, uma qualidade sem valor. Amor é viver para morrer, o resto é ilusão. Fantasia de quem não quer aceitar o amor. Mas não é melhor viver em devaneio poético, que o amor existe, que morrer acreditando nisso? Ao menos, morreria feliz, sonhando, estar amando eternamente, como uma poesia, que não viveu o amor, viveu sua eternidade.