Blog da Liz de Sá Cavalcante

A poesia da morte da alma

A poesia da morte da alma faz eu ter voz, ser ouvida no amor. Amor é sem poesia, sem sonhos. Pegadas, longe dos pés, do andar, do que me mantém viva. A poesia da morte da alma não é a poesia na morte da alma. A poesia não precisa morrer como alma. Fico sem palavras ao amar. Abrir o coração para a vida não é dizer adeus à vida. A vida é tudo que permanece, até sua despedida é plena de sua presença. Não existe presença que se compare com a vida. Por que a vida necessita tanto errar, como se fosse meu ser? A vida tem direito de errar, de ser humana. A poesia da morte da alma faz a vida existir, de forma única, especial, rara. A vida se compreende na alma. O amanhecer é uma ausência que me desperta, como fogo que se alastra. O ser incendeia sem o fogo, incendeia por viver. Nada se compara à claridade de se viver, que não precisa do sol para haver luz. A poesia da morte da alma tem luz própria, que não é o sol, nem a claridade de viver: é a luz do interior, acende com a poesia da morte da alma. Sem a alma, o meu interior existe. O amanhecer nasce do amor. O amor não amanhece sem o ser. O anoitecer é o pensamento desse amor. A lembrança torna o amanhecer vazio. Para que lembrar de amanhecer? O amanhecer é que tem que se lembrar de mim, do quanto amei por amanhecer. Não amanheci só, amanheci no amor. O amanhecer me ama tanto, que esquece de amanhecer. O amanhecer é a única realidade, da vida, do ser. Nunca é comum o amanhecer, nem se vive apenas de amanhecer. A poesia da morte da alma faz do amanhecer o renascer da vida, do ser, da alma. Falta o amanhecer amanhecer para mim. Amanhecer para mim é amanhecer na minha solidão. O amanhecer não me deixa ser só!