Meu corpo se decompõe, para se proteger da alma. O corpo não se habituaria a ser alma. Ninguém pode me encontrar como fuga, nem como encontro. Encontraste meu vazio sem mim, na distância do mar, onde o vazio se expande. O inencontrável no vazio é o amor, que nunca é vazio, é só. O amor protege a solidão, num vazio sem fim. As feridas da alma se assemelham à realidade, sem nenhuma dor. Alegria, vieste como sonho, onde a vida te vê, te sente, pelos sonhos que não tive. Sem sonhar, nem a vida é possível. Mas eu quis a vida, no possível de mim. Escrever tira-me toda possibilidade de existir. Escrever não é existir. A mágoa me faz escrever o que não imaginava sentir. A distância de mim é a vida do meu pensamento. Livre, apenas o amor é livre, como se conhecesse meu pensar. Sem a vida, tudo permanece no infinito de mim mesma. A ilusão é uma maneira de perder a esperança na fé. O céu vive na ilusão do infinito, tudo tem fim, até o amor, que continua o mesmo no fim. O fim é o infinito maior. O céu não é finito, nem infinito, é uma paz, longe do tempo, que permanece sem o fim, sem o infinito.