Blog da Liz de Sá Cavalcante

Superfície

Fundo, tão fundo, mergulho nas lágrimas, para descobrir sua superfície. Há como a superfície ter profundidade? A poesia é sem superfície, ela encanta sua profundidade. A essência da poesia é o nada da profundidade, que sustenta a vida, o ser, em amor infinito. Continuar no infinito, o que não posso viver no finito, nem o finito é o fim da poesia, quando a poesia morre. A morte da poesia é mais importante que a poesia, é o que existe na poesia: sua existência na minha, onde existir faz parte da poesia. Fico feliz do existir, existir, existir somente na poesia. Assim, o existir é perfeito, sagrado, como uma oração. A vida é apenas a superfície da poesia. A poesia quer mais do que viver, do que sentir. A poesia é a esperança da minha vida, de que a vida pode ser sonhada, de que posso transformar o sonho de viver em realidade de viver. A superfície é o sonho da profundidade, de ser tão só como a superfície. Apenas a realidade tem fôlego de vida, para compartilhar alegrias, nunca elas serão sozinhas, como a sua profundidade é só. O que existe na profundidade é a procura de um vazio, que existe apenas na superfície. Quando a superfície e o vazio se unem, é quando há amor. Amor que não é profundo, não é superficial, é apenas eu em mim, onde o amor supera toda superfície, toda profundidade, num amor tão especial quanto viver: o amor por mim, onde tudo me invade pelo amor.