Blog da Liz de Sá Cavalcante

Transcendência do nada

Minha inteligência não é a vida, vai além da vida, é a morte! Nada me faz morrer, a morte não está em mim, é só um pensamento. Um abraço clareia o sol para toda a vida, onde deixo a imensidão do infinito na luz do sol. O fim é mais infinito que o sol! Pensar é o fim do fim. Tenho que me defender de mim, do meu amor? A alma, para amar, tem que abandonar seu amor, sua verdade, sua essência. Tudo que sei do amor é o que esqueci para amar. O amor, quando desaparece, é para não haver nem sombra da minha ausência. O amor é a desigualdade entre as pessoas. Ama-se por não querer amar. Deixo-me incorporar o amor, sinto apenas o vazio. Se importar em amar seria me abandonar num amor sem fim. Amar é descobrir as coisas apenas pelo amor. Quero mais que amar, quero que minha alma seja eu, e toda descoberta, mesmo que eu não descubra, está em mim. A transcendência do nada é deixar o sol se ver no céu. A vida não tem imagem, o mundo não é mundo, é vazio. Meu olhar é o mundo cada vez mais distante. A consciência me faz não ser, para que o amor esteja livre para amar, viver, vendo na minha fragilidade sua força. Mas a força do amor é o impedir de viver a vida. A vida quer sentir o amor humano, frágil, para ser sempre amor! O amor não sabe que é amor, pensa ser um ser perdido, no meio do nada, onde a vida prevalece, e é feliz, mas toda essa alegria de viver me isenta de mim. Vejo que não sou útil à vida. Ela tornou o nada vida, mas ainda sinto como se a vida fosse nada, fosse o vazio, por isso tenho que esquecê-la como nada, como vazio. Não há transcendência do nada, nem posso morrer no nada. O vazio não deixa tudo, é uma inexatidão, cheia do céu, onde derramo minha morte sobre o meu corpo. Nada esquece por morrer, mas não me lembro das lembranças, me lembro mim!