A vida está no meu corpo inexistente. A ausência da alma é a vida. O meu ser é racional no amor, para ser irracional na vida. Sei que o amor me faz sofrer. A ausência da alma me faz te amar, sofrer por ti. A alma é a mesma para todos, ela é Deus. As palavras vão se entregando ao vazio de mim mesma, onde não há ausência. Deixo a ausência nas palavras de amor. Lembranças surgem na ausência do pensamento. Como a morte pode se converter no conhecimento de algo, que percebo apenas, sendo ausente de mim? Perder não é renunciar, é persistir no nada da perda. O sol é a perda da vida, num amanhecer tranquilo, sem coração forte. Meu coração não precisa de força pra amar. As verdades não me impedem de morrer. Respirar não me impede de morrer. A morte serve pra eu ter saudade de mim. Precisei aceitar o amor sem morrer. Eu choro por causa das lágrimas da morte, pela alma da morte, que não podem ser minhas. Apenas a morte é delicada em morrer, tanta delicadeza em expor a vida ao nada, que já estou percebendo que não é ruim morrer. A ausência da morte não é a alma, é o amor. O sonho da morte é morrer na ausência do ser, como se ela fosse a ausência do meu ser.